As minhas reservas tem origem, principalmente, na falta de explicação do modelo teórico para aquilo que é a realidade conhecida no envio de mensagens na rede (mesmo restringindo apenas à Internet), na falta de informação sobre questões de segurança/privacidade e em não encontrar, como utilizador de serviços de envio, vantagens que me façam mudar para um sistema diferente do que tenho. Após ler a patente e as descrições aqui apresentadas, fico com a sensação que há um foco muito grande em desenvolver um sistema cujo impacto seja forte para um spammer sem considerar os operadores de boa fé, que são a maioria e que serão também alvo de um grande impacto ou penalização. Sendo estes quem faz alterar o mercado, seria a estes que o modelo deveria cativar.
Usando valores reais de um serviço que controlo, 51.758 e-mails num mês, num total de 45GB de informação. Considerando o funcionamento proposto, estamos a falar uma fila de envio de aproximadamente 52.000 emails, aos quais acrescem as suas 52.000 notificações (também elas podem ser vistas como e-mails). Não tenho qualquer razão para trocar para o modelo proposto com estes valores, a não ser que o modelo proposto me consiga oferecer um valor de 0.10$/1000 e-mails; e mesmo assim, teria de encontrar uma solução para alojar os GB de informação dos e-mails enquanto a fila não for processada, e se assumir que tenho mais e-mails para enviar do que aqueles que são processados, o espaço ocupado vai consumir o meu orçamento. Para uma empresa em que este volume de e-mail é um extra para o cliente e que ele não paga, porque os custos são baixos e a empresa assume, não vejo no modelo proposto uma vantagem.
Como gestor de uma rede empresarial com muito e-mail e muito SPAM, a realidade é que os meus utilizadores não dão pelo SPAM, logo não têm qualquer motivação para mudar. Tenho problemas com filtros que bloqueiam ficheiros legítimos sem avisar, e clientes cujos filtros automáticos bloqueiam as nossas mensagens, em alguns casos já tenho destinatários em lista de não envio (ex.: xyz@portugalmail.pt), aí tenho de lidar com clientes que se queixam de não receber a informação e de os dirigir aos seus fornecedores de serviço de e-mail, mas não tenho, há bastante tempo, de lidar com problemas de SPAM a ser enviado as contas da empresa. Isto reduz a percepção de perigo (tal como é referido no relatório da CISCO) e é um problema (utilizadores menos informados/preocupados) mas dificulta a "venda" de uma solução à administração que apenas parece aumentar os custos e vem resolver um problema que "eles não têm".
O SPAM é um problema, e os custos são elevados, é verdade; também é compreensível suspeitar de grupos com interesse em manter o estado actual ou até piorar, mas a verdade é que as soluções actuais oferecem um compromisso que compensa mais que a alternativa proposta.
Ponho de parte o meu desdém por "ideias patenteadas" (acho que uma patente nunca devia ser dada a uma ideia sem que quem a teve tivesse também o trabalho da implementar), e por modelos de software fechado, e o facto da proposta incluir várias ideias que não são novas para mim (ouvi ideias semelhantes em conferências envolvendo SPAM e segurança de informação), mas no seu molde actual, o modelo parece incompleto.
No entanto, se forem abordadas as questões mencionadas e encontradas soluções que possam trazer uma vantagens às empresas que, de boa fé, lidam com muito e-mail, o modelo teria mais hipótese de deslocar as soluções actuais. Espero que seja esse o caminho e boa sorte para a evolução da ideia.
Só uma nota, achei curioso o uso da Wikipédia como referência; eu sugiro sempre como base para início de estudo mas como referência fiável deixa alguma coisa a desejar, ver isso numa aplicação de patente é inesperado; talvez seja a minha falta de experiência a ler propostas para patentes
/Knitter
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